domingo, 27 de novembro de 2016

Crônica - Por que eu fraudei o ENEM*

        Cheguei cedo para não perder o horário. Embora a minha noite anterior tenha sido numa esbórnia sem precedentes, eu estabeleci que deitaria pelo menos à meia-noite. Bebi bastante água para reduzir o efeito do álcool e tomei alguns analgésicos. 
         
       Acordei às 6 e conferi o equipamento que o "pessoal" me passou. Liguei para o chefe, testei a recepção do áudio, colei a fiação pelo corpo, coloquei o receptor perto da fivela do cinto para não ser pego pelo detector de metais e tudo pronto ! Vamos à prova.
       
      Fiquei um pouco nervoso pois é a primeira vez que faço a prova com a escuta. Nas provas anteriores fiquei abaixo do ponto de corte para Medicina, pois não vale a pena fazer vestibular para qualquer outro curso que eu precise ralar muito para consegui um emprego e uma boa remuneração.

      Passei pelos detectores de metal e fui entrando logo na sala. Me instalei rapidamente na cadeira, recebi a prova, fingi um pouco estar pensando e resolvendo as questões para o fiscal não perceber. Começo a suar, nervoso por algum sinal do "Chefe" na escuta. Tinhamos combinado que a palavra de início do texto da questão sinalizaria o item a responder, e a resposta, o início do texto da alternativa. Comecei a ler o início de cada questão para memorizar bem.

     Passadas duas horas, o "Chefe" entra em contato:

    - 1, 2, 3, testando. Iniciando a resolução. Se áudio estiver Ok, responda com uma tosse, senão duas tosses.

    Respondi com uma tosse sinalizando positivo e eis que o "Chefe" começa a ditar as respostas.

   Fiquei nervoso no início, aquela emoção de que você vai conseguir algo tão almejado, mais fácil do que se imagina. Mas me contenho, afinal não posso perder tempo nem me distrair.

   Finalizo a prova, entrego ao fiscal com aquele ar de confiança. Começo a pensar na minha viagem para outro estado, onde irei iniciar os estudos numa das melhores faculdades de Medicina do país.

     Ao mesmo tempo começo a pensar em todos aqueles alunos que irão ficar na expectativa do gabarito, na frustração de quem estudou muito e mesmo após a linha de corte ficará na suplência ou poderá escolher uma faculdade me medicina em Rondônia.

      Comecei a pensar no quanto ter dinheiro nesse país é bom, pois não é qualquer um que tem R$ 200.000,00 para pagar para se dar bem no ENEM. Comecei a entender porquê os políticos são tão corruptos. Passei até a compreender mais eles afinal, se fossem pobres dependessem da oferta de vagas nos cursos de Medicina das universidades públicas?

      Aliás, a minha preocupação é se, caso muita gente sem grana passasse em Medicina apenas pela inteligência, será que a Medicina avançaria tanto?  Afinal para ser Médico é preciso ter grana para iniciar o seu consultório, comprar equipamentos de primeira, etc.

     Bom, não importa. De uma forma ou de outra, eu serei um bom médico, afinal não preciso trabalhar para estudar. terei tempo para me dedicar aos estudos e me tornar um ótimo cirurgião. O mundo é pra todos mas os melhores lugares é para poucos !





    *Este é um texto fictício. Qualquer referência a pessoas, fatos, lugares e histórias nesse texto é mera coincidência. 
       
     

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Música: Emerson Leal faz canções pop com sofisticação na harmonia e na letra

Por: Daniel Oliveira
<http://atarde.uol.com.br/cultura/musica/noticias/1813117-emerson-leal-faz-cancoes-pop-com-sofisticacao-na-harmonia-e-na-letra >



Emerson Leal passou a morar no Rio de Janeiro a partir de 2008 - Foto: Vitor Jorge l Divulgação
Emerson Leal passou a morar no Rio de Janeiro a partir de 2008

“Eu sou muito mais da canção do que da experimentação”, avisa Emerson Leal aos navegadores de primeira viagem. O cantor e compositor baiano, que passou a morar no Rio de Janeiro em 2008, vem seguindo essa rota sonora desde cedo. “Comecei a escutar Chico Buarque e Noel Rosa aos sete, oito anos, e aos nove ganhei o primeiro violão, de meu pai”.

Anos depois integrou bandas de rock e blues, uma delas cover de The Police, mas nunca se afastou da música brasileira. Em 2012, lançou o seu primeiro álbum de apresentação. “É uma obra mais crua, de repertório, pois quis mostrar as canções”, fala Emerson sobre a estreia.
Em seguida começou a pensar no disco novo. Aos poucos, foi compondo as músicas de Cortejo, o seu segundo álbum, que chegou às lojas recentemente. “Além de ter a característica do primeiro, é um trabalho de produtor, mais arranjado”, explica o músico, responsável pelas guitarras, violões e charangos do álbum.
Algumas canções são incrementadas por arranjos de cordas feitos por Emerson e executados pelo Quarteto Radamés Gnattali. Além disso, o baiano conta com as participações da cantora paulista Lívia Nestrovski, em Tipo Nós (parceria com Luiz Tatit), e João Callado (Grupo Semente), em Seu Nome. A banda tem ainda Pitito (Monobloco) na bateria e Rafael Camacho na guitarra.
Na obra, de forte característica pop, Emerson Leal não se prende ao rigor dos gêneros. Ele vai misturando. E disso nascem baladas radiofônicas, de refrão grudento e, ao mesmo tempo, sofisticadas em melodia e letra. No melhor estilo Lulu Santos, guardando as claras diferenças entre os trabalhos dos compositores.
“Essa abertura chega a ser involuntária. Quando sento para compor e está saindo um samba puro, naturalmente tento despurificá-lo. Talvez isso seja uma coisa de geração ou de ter vivido na cidade. Na música A Fúria, por exemplo, queria fazer algo meio Roberto Mendes, mas não um samba de roda. Pensei em uma música de celebração. E fiz com uma cozinha de instrumentos virtuais”, explica.
O título do álbum tem dois sentidos. O autor explica: “Cortejo pode ser uma multidão caminhando numa direção por alguma motivação comum. Ou um gesto de amabilidade, um galanteio. Esses sentidos estão espalhados no disco. E percebo que no Brasil a gente tem a tendência de transformar as coisas em episódios carnavalescos. 
Os cortejos contemporâneos, como a Marcha da Maconha ou Marcha das Vadias, tem essa característica”.
O disco inicia festivo em A Fúria, passa pelo cortejo à amada em Seu Nome e fica cheio de surpresas harmônicas em Tipo Nós, cujo canto efluvioso de Lívia potencializa a letra. 
Faz elogio às mulheres em Mil Musas Distraídas, faixa com dedilhado marcante, e chega ao auge pop em Vai Que Dá Certo. Forte candidata a hit, a canção é uma espécie de surf-bossa sem medo de ser feliz. 
Única que não é assinada por Emerson Leal, Parado no Perigo (Ana Clara Hora e Gabriel Pondé) encerra a obra no clima de uma paixão rápida e avassaladora, de 46 segundos.
“Faço música para ser ouvida. E o que eu faço é o que eu gosto. E sempre quero provocar com uma harmonia interessante, da mesma forma que gosto de escutar uma música que me provoque uma surpresa e diga algo na letra”, afirma.
Serviço
CD: Cortejo / Emerson Leal / Independente - Distribuição Tratore 
Valor: preço não divulgado (www.emersonleal.com.br)

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O mundo Bizarro

Quem assistia desenhos nos anos 80 deve lembrar de um episódio da liga da justiça que tratava sobre um Super-homem bizarro, que era oriundo de um mundo bizarro, onde todas as coisas eram contrárias ao dito normal aqui na Terra.

Foto de Janilton Cerqueira.

Hoje pela manhã ao assistir o jornal fiquei pensando como seria ser esse mundo bizarro:
1. A maioria das pessoas pagam em impostos retidos o equivalente 5 meses para sustentar os privilégios de uma minoria que criam mais leis para dificultar a vida e a ascensão social dos demais;
2. Os impostos pagos, são sempre usados para outra finalidade, principalmente cobrir rombos causados pelos privilegiados que possuem todo tipo de adicional no salário além de saúde e educação de 1a qualidade, veículos, aviões, cartões ilimitados, 13o, 14o, salários três férias por ano, recesso, folgas, etc.
3. Os pagantes dos impostos ainda pagam ainda mais um pouco embutido nos produtos e serviços que compram;
4. O contribuinte paga por saúde e educação gratuitos, mas precisam pagar (caro) escola, planos de saúde (que raramente valem o que é pago) e segurança privada, já que a pública é utilizada para proteger os privilegiados (e até atrapalhar alguma investigação contra eles, caso precise);
5. No caso de uma disputa política entre as facções que comandam este mundo, vale tudo, inclusive criar uma crise econômica que leve mais de 10% da população economicamente ativa para o desemprego ou informalidade;
7. As pessoas devem ser tratadas como meros votantes da continuidade do poder político das facções. Assim não se importam se estão desempregados, se passam fome, se não têm onde morar ou não conseguem nada que te dê dignidade. E se reclamar é perseguido;
8. A facção que estiver na situação promoverá jantares luxuosos e caros pagos com o dinheiro do contribuinte (otário) para convencer os "indecisos" (ou seja, que tem um preço mais alto) a votarem numa lei sensacional que dificultará ainda mais a vida do contribuinte;
9. Muitos contribuintes ficam brigando pelas bandeiras das facções pelas redes sociais. Eles adoram. Pois sabem que continuarão votando.
10. Os contribuintes, por outro lado, até se acostumam, sabe. Se distraem com qualquer coisa que nunca fará a situação mudar. Mas para quê mudar? Eles são "Bizarreiros" e não desistem nunca.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Economia brasileira - Volta do crescimento prevista para 2017

Fundo prevê retração de 3,3% este ano e crescimento de 0,5% em 2017; essa é a primeira vez que o FMI melhora as previsões para o PIB do Brasil desde julho de 2012

NOVA YORK - O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou as previsões para a economia brasileira e agora prevê uma recessão menos severa este ano e a volta do crescimento em 2017. A projeção é que o Produto Interno Bruto (PIB) do país tenha contração de 3,3% em 2016, menos do que o previsto quando o Fundo fez sua reunião em abril em Washington e esperava queda de 3,8%. Para o ano que vem, a aposta é de expansão de 0,5%, ante crescimento zero projetado anteriormente, de acordo com relatório de atualização de projeções divulgado nesta terça-feira.
É a primeira vez que o FMI melhora as previsões para o PIB do Brasil desde julho de 2012. Desde aquele ano, a cada novo relatório, os economistas da instituição vinham cortando as estimativas de crescimento do País, que sempre figurava na lista dos piores desempenhos econômicos entre os principais economias do mundo.


Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fmi-melhora-previsoes-para-economia-brasileira-e-preve-volta-do-crescimento-em-2017,10000063720

sexta-feira, 27 de maio de 2016

VAGAS DE ESTÁGIO: Caixa abre vagas de estágio na Bahia; saiba como se inscrever


As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até o dia 2 de junho.

A  Caixa Econômica Federal (Caixa) abriu a seleção para  estagiários de nível superior em Direito. Podem participar estudantes que estejam cursando, no mínimo, até a assinatura do contrato, o 7º ao 9º semestre do curso.
As oportunidades são para as capitais: Maceió - AL, Salvador - BA, Fortaleza - CE, São Luis - MA, João Pessoa - PB, Recife - PE, Teresina - PI, Natal - RN, Aracaju - SE, Manaus - AM, Belém - PA, Porto Velho - RO, Brasília - DF, Goiânia - GO, Campo Grande - MS, Cuiabá - MT, Vitória - ES, Belo Horizonte - MG, Rio de Janeiro - RJ, São Paulo - SP, Curitiba - PR, Porto Alegre - RS e Florianópolis - SC.
A bolsa auxílio é de R$ 1.000,00, mais o valor de R$ 135,00, referente ao auxílio transporte, para estagiar em jornadas diárias de cinco horas. As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até o dia 2 de junho  pelo site.
Os alunos inscritos serão avaliados por meio de provas onlines, discursivas/ presenciais e entrevistas. As provas presenciais provavelmente devem ser aplicadas no dia 17 de julho de 2016, em locais e horários divulgados pelo site do Ciee.

Fonte: http://www.correio24horas.com.br/single-economia/noticia/caixa-abre-vagas-de-estagio-na-bahia-saiba-como-se-inscrever/?cHash=3539391b96876989a92d8a2fda4efbcc

sábado, 23 de janeiro de 2016

Auto-estima: Se acreditar em tudo que falam de você, vai fracassar.

Não existe crítica construtiva. Toda crítica é tendenciosa. Seja por inveja ou imposição de poder.
Autor desconhecido.

Por Nestor de Almeida.

          Hoje quero fala com você que sempre recebe ou recebeu criticas por não ser o melhor profissional da empresa, o melhor aluno, o melhor filho, a pessoa mais criativa, não ter estudado na melhor escola e por isso, não será bem sucedido e que seus sonhos ambiciosos está fadados ao fracasso, portanto deveria trocá-los por desejos simples, menos ambiciosos para que você possa chegar a algum lugar. Quero pedir que não acredite nas previsões que elas estão fazendo sobre seu futuro. O futuro depende das atitudes que você toma e não nas previsões que fazem. Muitas vezes, as previsões que estão fazendo estão baseadas no que os críticos gostariam que você fosse ou no que eles gostariam de ser e não conseguiram.

          Por muito tempo ouvir muita gente dizer que não chegaria a lugar algum, quando falava dos meus sonhos, as críticas e as palavras de desmotivação vinham muito mais fortes. Cheguei a pensar que as pessoas tinham razões para dizer aquilo. Como não conheci meu pai e fiquei órfã de mãe aos oito anos, morei quatro anos nas ruas, aprendi a ler com um agricultor que pouco sabia, mas ensinou-me durante seis meses a soletrar as primeiras palavras dando aulas sob a luz de lamparina. Aprendi escrever usando o chão como caderno. Não fiz os quatro anos primários, entrei direta no ginásio. Como não tinha a base do primário e não tinha tempo para estudar porque trabalhava o dia inteiro na roça, fui um dos piores alunos da escola. Se não bastasse tudo isso era muito tímido, tinha a língua presa, era gago, com voz fanhosa, pronunciava e escrevia tudo errado. 

          Quando falava para os meus amigos, lá da roça, que eu gostaria de morar na cidade grande e ser cantor ou ter um cargo importante em uma grande empresa, era motivo de piada por todos. O que eu ouvia era que deveria continuar capinando e montando em burro bravo, esta era uma ótima profissão para alguém com as minhas qualidades. 

         Mas para minha sorte, não acreditei nos conselhos deles. Mudei da roça para cidade grande enfrentando todas as dificuldades que alguém com as minhas qualificações poderiam enfrentar, até que de repente estava recebendo o meu primeiro diploma universitário, ocupando cargo de executivo em uma das maiores empresa do país, fazendo programa de radio, gravando programa de empreendedorismo na TV, publicando o meu primeiro livro e vendo meus artigos serem lidos por milhares de pessoas. Dei entrevistas no radio, jornais e TVs, viajando pra todos os lados ministrando palestra em auditório com mais de duas mil e quinhentas pessoas. É claro que tiver que melhorar muitas coisas e entre elas a dicção, não falar mais pelo nariz. 


           Ter buscado corrigir os pontos fracos que impediam alcançar os meus objetivos e os que não pude corrigir, adaptei a minha vida e até transformei em pontos positivos e quando não consegui, ri de mim mesmo antes que os outros rissem. Se eu tivesse acreditado nos meus velhos e queridos amigos, talvez estivesse até hoje lá na roça montando em burro bravo e capinando. 


         Portanto, não leve a serio quando falarem que você não conseguirá ser bem sucedido porque não estudou na melhor escola, não foi o melhor aluno, não é o melhor em um monte de coisas. Você pode mudar e ser bem sucedido apesar de suas deficiências. O fato de você não ser o melhor hoje não quer dizer que será o pior amanhã. Com um pouco de esforço você pode mudar o rumo da sua história e se tornar muito bom no que um dia já foi apontado como seus pontos fracos. Também poderá ser muito bom em outros pontos que você nem conhece. 


         Acredite mais em você e em suas intuições, e não leve muito a sério o que dizem os críticos a seu respeito. Procure não prestar atenção nos críticos mais sim nos mentores. Crítico gosta de ver seu fracasso, o mentor gosta de ver seu sucesso. O critico tem sempre uma frase decorada para te derrubar enquanto o mentor tem sempre uma palavra pensada com sabedoria para te levantar. O mentor fica feliz por ver você vencer já o critico te derruba e diz que esta fazendo isso para o seu bem e acrescenta: é caindo que se aprende a levantar. 

        O mentor procura seus pontos fortes para exaltar e os pontos fracos para ajudar você melhorá-los, o crítico acha que seus pontos fortes são comuns a todos e os fracos são exclusividades sua, faz isso quando fica comparando você aos demais. O mentor esta sempre do seu lado e quando você alcança o sucesso ele é o primeiro a se ocultar enquanto o critico não se compromete e quando você chega ao topo ele é o primeiro a assinar o nome ao lado das suas conquistas. No fundo, acho que os críticos são pessoas fracassadas em muitas coisas e que tem medo que descubram suas fraquezas, por isso estão sempre procurando expor a fraqueza dos outros para esconder as suas.

    Não desista de você e dos seus objetivos que um dia vai chegar onde pretende chegar. É claro que vai precisar fazer algumas correções, buscar alguns conhecimentos, ter quese desapegar de coisas e pessoas que você julgava como valiosas e na verdade eram o que mais te atrasavam, porém não precisa se matar por isso. O que conseguir mudar mude e o que não conseguir é só adaptar a sua vida e ser feliz. Não deixe de presta atenção no bajulador, ele tem o dom de fazer você acreditar que é ótimo em tudo, Se você levar serio, vai deixa de buscar melhoria e será o inicio do seu fracasso.

Pense nisso e boa sorte.

Para você pensar. Você pode ser um finalizador em uma sociedade de iniciadores.


Contato:
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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

EDUCAÇÃO: No Japão, alunos limpam até banheiro da escola para aprender a valorizar patrimônio


japa
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BBC
Enquanto no Brasil escolas que “obrigam” alunos a ajudar na limpeza das salas são denunciadas por pais e levantam debate sobre abuso, no Japão, atividades como varrer e passar pano no chão, lavar o banheiro e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio.
“Na escola, o aluno não estuda apenas as matérias, mas aprende também a cuidar do que é público e a ser um cidadão mais consciente”, explica o professor Toshinori Saito. “Ninguém reclama porque sempre foi assim.”
Nas escolas japonesas também não existem refeitórios. Os estudantes comem na própria sala de aula e são eles mesmos que organizam tudo e servem os colegas.
Depois da merenda, é hora de limpar a escola. Os alunos são divididos em grupos, e cada um é responsável por lavar o que foi usado na refeição e pela limpeza da sala de aula, dos corredores, das escadas e dos banheiros num sistema de rodízio coordenado pelos professores.



Marcelo Hide
Reunidos em grupos, alunos se revezam nas tarefas

“Também ajudei a cuidar da escola, assim como meus pais e avós, e nos sentimos felizes ao receber a tarefa, porque estamos ganhando uma responsabilidade”, diz Saito.
Michie Afuso, presidente da ABC Japan, organização sem fins lucrativos que ajuda na integração de estrangeiros e japoneses, diz ainda que a obrigação faz com que as crianças entendam a importância de se limpar o que sujou.
Um reflexo disso pôde ser visto durante a Copa do Mundo no Brasil, quando a torcida japonesa chamou atenção por limpar as arquibancadas durante os jogos e também nas ruas das cidades japonesas, que são conhecidas mundialmente por sua limpeza quase sempre impecável.
“Isso mostra o nível de organização do povo japonês, que aprende desde pequeno a cuidar de um patrimônio público que será útil para as próximas gerações”, opina.
Estrangeiros

Ewerthon Tobace I BBC Brasil
Michie Afuso, da ONG ABC Japan, sugere intercâmbio educacional entre Brasil e Japão
Para que os estrangeiros e seus filhos entendam como funcionam as tradições na escola japonesa, muitas prefeituras contratam auxiliares bilíngues. A brasileira Emilia Mie Tamada, de 57 anos, trabalha na província de Nara há 15 e atua como voluntária há mais de 20.
“Neste período, não me lembro de nenhum pai que tenha questionado a participação do filho na limpeza da escola”, conta ela.
Michie Afuso diz que, aos olhos de quem não é do país, o sistema educacional japonês pode parecer rígido, “mas educação é um assunto levado muito à sério pelos japoneses”, defende.


Recentemente no Brasil, um vídeo no qual uma estudante agride a diretora da escola por ela ter lhe confiscado o telefone celular se tornou viral na internet e abriu uma série de discussões sobre violência na escola.
Outros casos de agressão contra professores foram destaques de jornais pelo Brasil nos últimos meses, como da diretora que foi alvo de socos e golpes de caneta em Sergipe e da professora do Rio Grande do Sul que foi espancada por uma aluna e seus familiares durante uma festa junina.
No Japão, este tipo de abuso dentro da escola é raro. “Desde os tempos antigos, escola e professores são respeitados. Os alunos aprendem a cultivar o sentimento de amor e agradecimento à escola”, diz Emilia.


Marcelo Hide
Educadores explicam que, desta forma, estudantes aprendem a ‘limpar o que sujaram’
No ano passado, durante as eleições, a BBC Brasil publicou uma série de reportagens sobre a violência de alunos contra professores no Brasil. As matérias revelaram casos de professores que chegaram a tentar suicídio após agressões consecutivas e apontaram algumas das soluções encontradas por colégios públicos para conter a violência – da militarização à disseminação de uma cultura de paz entre escolas e comunidade.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países, o Brasil ocupa o topo de um ranking de violência em escolas – 12,5% dos professores ouvidos disseram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação pelo menos uma vez por semana.
“Assim como o Brasil tem um programa de intercâmbio com a polícia japonesa, poderíamos ter um na área educacional”, propõe Michie, da ABC Japan, ao se referir ao sistema de policiamento comunitário do Japão que foi implantado em algumas cidades do Brasil.
A brasileira lembra que a celebração dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão seria uma ótima oportunidade para incrementar o intercâmbio na área social e não apenas na comercial.
“Dessa forma, os professores poderiam levar algumas ideias do sistema de ensino japonês para melhorar as escolas no Brasil”, sugere Michie.

Arquivo pessoalOs próprios alunos servem a merenda escolar aos colegas

Fonte: http://tatamarquesnews.com.br/noticias/no-japao-alunos-limpam-ate-banheiro-da-escola-para-aprender-a-valorizar-patrimonio/